De uma ponta à outra de Théah, enquanto os camponeses dão duro nas plantações e os mercadores fazem negócios em suas barracas, enquanto os duelistas se posicionam e os soldados de um lado e outro do descampado avançam, um tipo diferente de guerra grassa nos paços deslumbrantes dos nobres teanos. É um jogo incessante de intriga política, no qual uma palavra fora de hora pode pôr uma província a perder e um gesto equivocado é capaz de acabar com uma carreira. É o mundo da política teana, e não é nada bonito.
Montaigne, Vesten e Avalon têm as cortes mais badaladas do momento. Seus fantásticos salões de baile e audiência, projetados e construídos para impressionar, permitem que nobres e convidados tenham privacidade suficiente para se sentirem à vontade, mas não seguros. As cortes castilhanas são eventos sociais bem menores e ao ar livre que destacam mais a comunhão que a conspiração. As cortes de aisenianos e ussuranos, que não se interessam tanto por questões internacionais, costumam ser pequenas. As cortes de Vodacce são o palco da intriga e da política, pomposas e extravagantes como as montenhas, embora ligeiramente mais reservadas. Enquanto isso, na Sarmácia, as cortes costumam se dedicar a assuntos de estado, e não à celebração.
Participar da corte pode ser extenuante. O típico cortesão leva de quatro a cinco horas para se vestir: as roupas são literalmente costuradas ao redor do nobre. Cada palaciano tem a seu serviço cinco ou seis criados que o seguem para lá e para cá, atendendo a todos os seus caprichos.
A moda e a conversação regem as oscilações diárias da vida nos palácios. Todos sabem quem são as pessoas mais bem vestidas ou mais eloquentes da corte naquela semana, às vezes até mesmo antes de chegarem ao paço. As tendências vêm e vão, acompanhando as estações, e quem não faz sua entrada vestindo o figurino correto será evitado ou até mesmo ridicularizado por tamanha desatenção.
Um exemplo de tendência que não sai de moda há um bom tempo é ser flagrado com um livrinho de leitura nas mãos, seguida até mesmo por quem não sabe ler. Os nobres analfabetos empregam serviçais para ler os livros para eles. Alguns livros são encadernações normais, ao passo que outros são folhas de papel dobradas no formato “quarto”. Contêm historietas ilustradas, hinos, excertos e contos de fadas.
As nações recorrem aos coresãos e embaixadores por vários motivos, mas principalmente para prevenir guerras. Com as ofensas constantes – e geralmente não intencionais – que as nações andam trocando, é praticamente essencial que os palacianos se dediquem ativamente à busca pela paz na corte, para impedir a deflagração de hostilidades. Naturalmente, como prova a invasão recente de Castilha por Montaigne, essa prática nem sempre tem êxito, mas é mantida mesmo assim.
As outras grandes razões para manter as cortes em Théah são exercer poder político, arranjar casamentos e cair nas graças de outros nobres. Afinal, uma boa festa sempre deixa os visitantes de bom humor... e menos propensos a arrumar confusão.