(Escolha 1: +1 Panache ou +1 Argúcia)
inismorita. É preciso cantá-la.
— Maggie O’Connor
Contudo, mais do que qualquer outra das chamadas “ilhas avalonianas” (que nenhum inismorita pegue você dizendo isso), os habitantes de Inismore estão cientes da importância e do poder do Graal. Somente um monarca digno pode possuí-lo. Elaine o possui. E, portanto, ela é digna. E, sim, os impostos baixaram. E, sim, não é mais ilegal falar sua própria língua. E, sim, não são mais governados pela força das armas. E, sim, a ilha tem seu próprio rei (por mais louco que ele seja). O mais importante, porém, é que os inismoritas conhecem a fragilidade do glamour. Basta uma decisão equivocada para Elaine perder o Graal e as “ilhas do Glamour” sucumbirem ao caos e à carnificina mais uma vez. Não é a lealdade a Elaine que faz os inismoritas apoiarem a rainha. É a lealdade a Inismore. Pois, assim que Elaine deixar a desejar, o terror estará de volta. E os inismoritas farão qualquer coisa para impedir que isso aconteça. Qualquer coisa.
O Povo
Os inismoritas são ligeiramente menores que o teano médio. Apesar das famosas “cabeleiras de fogo”, a maioria dos inismoritas tem cabelos pretos e olhos escuros. Dizem que, quando o mundo veio à luz, os maiores feiticeiros existentes lançaram um gesa (GUES-sa, um feitiço de penhor) sobre Inismore. Esse feitiço criou um código de conduta que acompanha as estirpes inismoritas há quase 2 mil anos, um código que parece estranho para quem não nasceu lá. Basta alguém pôr os pés na Ilha Esmeralda para começar a entender. Tem tudo a ver com reputação.
Um inismorita prefere cortar a própria garaganta a cometer um ato que possa envergonhá-lo publicamente. Claro que a definição de atitude “honrada” ou “desonrada” foi rigorosamente enunciada pelo gesa lançado sobre Inismore e sua gente. Ninguém está acima do gesa, nem mesmo o rei. Na verdade, os inismoritas veem o rei como “aquele que mais se destaca entre iguais”, uma concepção nada teana.
O gesa dos feiticeiros criou as Três Grandes Leis de Inismore: a Lei da Hospitalidade, a Lei da Bravura e a Lei da Lealdade. Existe uma quarta lei, mas esta só é invocada quando as três primeiras são violadas. Vamos discuti-la no fim desta seção.
Hospitalidade
À semelhança de seus primos avalonianos, os inismoritas dão muita importância à hospitalidade dirigida a amigos e desconhecidos. De fato, é tão importante que, nas estradas reais, os viajantes podem dormir e comer nas estalagens do rei sem pagar nada. E, como as estalagens são propriedade do monarca, invoca-se a “Paz do Rei”. É proibido portar qualquer tipo de arma no interior da estalagem e todo ato violento é considerado um crime para o qual o único castigo é a morte. O anfitrião que recusar ou maltratar os hóspedes corre grande risco de perder a boa reputação. As notícias correm rápido entre os inismoritas, principalmente quando há um bardo por perto. Da mesma maneira, quem abusa da hospitliade dos anfitriões também corre sério perigo.
Um outro aspecto da hospitalidade é a generosidade. De várias maneiras, julga-se um homem pela bondade de seu coração e pela generosidade de sua bolsa. Aqueles que têm poucas necessidades têm a obrigação de assistir os mais carentes, e ai do homem de bolsos cheios que não dispense uma moeda para ajudar o homem que nada tem. Inúmeros contos populares inismoritas tratam dessas questões e da sina que toca às pessoas que ignoram os necessitados.
Bravura
Para os inismoritas, é melhor morrer de maneira dolorosa, horrível e valente do que levar a vida longa e feliz de um covarde. Para o inismorita, a coisa mais importante é como ele será lembrado depois de morrer, pois ele só será imortal enquanto for lembrado. São muitas as histórias de heróis que deram sua vida com um gargalhada ou um sorriso nos lábios porque sabiam que seriam lembrados.
Os inismoritas são um povo altivo, orgulhosos demais para demonstrar que sentem dor, dúvida ou medo. Esse aspecto de sua cultura às vezes se espelha em sua atitude despreocupada em relação à violência. Uma troca de socos é sempre um acontecimento solene e, às vezes, até mesmo amistoso. Basta um homem dizer a coisa errada (ou talvez a coisa certa), pisar no calo de alguém ou meramente trocar olhares para irromper uma briga. Nada de armas, apenas dois homens e seus punhos. Os murros prosseguem até um dos homens não se aguentar mais em pé; aí o oponente estende a mão, ajuda-o a se levantar e paga-lhe um caneco de cerveja. O vencedor sempre paga uma bebida para o oponente: é um sinal de respeito. Afinal, o sujeito lutou até cair, mas não desistiu. Trata-se de um componente importante da briga, pois mostra que ele estava disposto a lutar até não aguentar mais. Seu corpo pode ter cedido, mas não sua vontade de lutar.
Lealdade
A lealdade é importante para os inismoritas: quando um homem faz uma promessa, ele a mantém a todo custo. No entanto, não se espera que nenhum homem mantenha uma promessa que possa comprometer sua honra, ou seja, que possa fazê-lo violar as Três Leis.
Um homem pode dever lealdade a seu senhor, mas, antes de mais nada, deve ser leal à sua própria honra. Muitos teanos estranham essa ideia – afinal, o conceito de vassalagem vem da época da Velha República –, mas ela é importíssima para os inismoritas. A primeira e principal preocupação de um inismorita é sempre manter sua honra intacta. Outras culturas podem considerar esse atributo inoportuno, mas os inismoritas só estão tentando preservar sua honra e a posição de sua família. Num mundo de servos e criados, esse brado vigoroso de individualismo é visto por muitos teanos como arrogância, mas, na verdade, é o atributo que define melhor o orgulho inismorita.
Última edição por Teach em Sex 04 Ago 2017, 14:07, editado 1 vez(es)