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reunir todos nós na outra vida. Acho difícil acreditar
nisso, já que eles nos separaram nesta aqui.”
– Niklas Träge, Eisenfürst de Freiburg
O povo de Eisen sempre foi orgulhoso. Orgulham-se porque seus ancestrais criaram o império da Igreja dos Vaticínios para o hierofante e porque esse império durou centenas de anos. Orgulham-se porque seu passado é uma série de feitos valorosos. Nas condições em que o país hoje se encontra, pode-se desculpá-los por tentarem viver no passado. Orgulhavam-se do fato de não terem outra forma de magia que não aquela que criavam com seu suor e seu sangue…
…e aí vieram os Horrores.
Começaram a aparecer no fim da guerra, mas, assim que o conflito terminou, chegaram em grande número. Um uivo terrível na floresta enluarada... A condessa lívida que vive nas trevas no alto da colina... O inventor louco que trabalha com cadáveres em seu castelo em ruínas… Não bastava Eisen ter sobrevivido à Guerra da Cruz. Agora seu povo precisa sobreviver àquilo que o massacre e a carnificina conjuraram.
O sol nasceu e voltou a se pôr para Eisen. Hoje Eisen é um país solitário de lama e neve, e os viajantes fazem bem em contratar guardas armados. Mas, com toda essa conversa sobre Eisen ser uma nação devastada, muita gente deixa passar o fato de que nem todos os seus habitantes parecem arruinados. Alguns deles parecem simplesmente furiosos.
Eisen tem um longo histórico de se recuperar de catástrofes e, quanto pior o desastre, mais impressionante a volta por cima costuma ser. Neste exato momento, ela é fragmentária e desagradável, mal assombrada e oprimida, mas ainda vai se livrar dos Horrores. Vai unir sua gente. E vai ser uma única nação. O país não é tão bonito quanto Avalon, sua nobreza não é tão imponente quanto a de Montaigne, mas sua gente é orgulhosa e não vai deixar um pouco de lama e sangue conspurcar sua dignidade.
As pessoas que dizem não haver beleza em Eisen não sabem onde procurá-la. Em Eisen contam-se histórias que falam de atos desesperados de ousadia, nas quais as palavras “herói” e “coragem” nunca são usadas levianamente.
Mais que qualquer outra nação, Eisen aprendeu que a unidade nacional é importante, sobretudo porque a união que havia foi extirpada em nome da religião. A Guerra da Cruz não começou com aisenianos combatendo montenhos nem castilhanos: começou com os vaticinistas de Eisen lutando com seus objecionistas. Contudo, depois de tanto sangue derramado e de tantas cidades reduzidas a cinzas, ficou claro que eram apenas aisenianos matando aisenianos. Por causa dessa dissidência interna, os aisenianos hoje são tratados com um leve desdém pelo resto de Théah. Sua perícia no campo de batalha, entretanto, continua superior à de qualquer outra nação teana: até mesmo Montegue, o magnífico general montenho, tem como consultor um sargento aiseniano.
Como qualquer outra nação de Théah, Eisen se encontra numa encruzilhada. As pessoas mais importantes são seus príncipes, que têm a obrigação de ser a força unificadora de que a nação precisa. O príncipe que angariar a lealdade de seu povo vai determinar o papel que a nação desempenhará no palco da política mundial pelos próximos duzentos anos.
Théah está prestes a seguir o mesmo caminho que Eisen vem trilhando há três décadas. Está à beira de perceber que o orgulho nacional é capaz de unificar um povo mais do que a religião. Os aisenianos já chegaram lá. E estão reconstruindo. Mas, por ora, Eisen é uma baderna. O povo sabe disso e não gosta de ser lembrado desse fato. É como entrar na casa de alguém e dizer: “Mas que latrina”. Os aisenianos podem se queixar de seu país, mas ainda o amam. O montenho que entrar num vilarejo e disser algo desdenhoso sobre o país acabará coberto de piche e penas antes do fim do dia.
O País
Eisen é uma região montanhosa bem no meio de Théah que faz fronteira com quase todos os grandes países do continente. Os invernos são longos e as temperaturas são de arrepiar até mesmo em meados do verão. Chove e neva muito em Eisen, o que contribui para manter as estradas enlameadas o ano todo.
Na metade meridional de Eisen ficam as agourentas florestas negras, ou Schwarzen Wälder. As pessoas sabem que não é bom andar pelas trilhas florestais à noite, por temerem o Schattenmann, ou “Homem Sombra”. As histórias o descrevem como uma criatura gigantesca de pernas e braços finos feito palitos e que porta uma tesoura de poda enorme para desmembrar suas vítimas, fazendo- as em pedaços com golpes precisos.
A noroeste das Wälder fica o Südsee, um lago imenso que outrora fervilhava com cardumes de peixes de água doce. Graças à pesca intensa, já não é mais tão farto quanto foi um dia. A nordeste dali fica o Unsterbliche Sumpf, ou o “Pântano Imortal”, que, segundo se imagina, é amaldiçoado.
O norte de Eisen tem densa cobertura florestal e vastas planícies aluviais nas duas margens do Rotstrom, um rio largo com bolsões de argila que avermelham suas águas. Freiburg (FRAI-burg), a famosa capital do comércio, se estende de um lado e outro do médio Rotstrom. Existem duas grandes florestas no norte de Eisen: a Angenehme Wald e a Liebliche Wald. Ao contrário do resto da paisagem aiseniana, essas florestas são tidas como lugares seguros e agradáveis de percorrer. Claro que, com todos os refugiados desesperados que se encontram em Eisen, pode ser que isso logo venha a mudar. A Eisenfürst Pösen mantém patrulhas regulares nas florestas para remover possíveis bandidos. Mesmo assim, ela reluta em desfalcar as patrulhas que cobrem as Salzsumpf, as salinas próximas de Insel, seu castelo. Sereias se infiltraram no alagado e armam emboscadas para pescadores e outros viajantes. Pösen não quer que elas se aventurem em seu território.
Nas montanhas que margeiam Eisen ao norte e ao leste, os moradores contam histórias sobre os drachen, criaturas enormes veneradas pelos aisenianos. Antigamente, os nobres caçavam os drachen para provar seu valor. De fato, a imagem do drachen hoje é sinônimo dos conceitos de força e poder. Não existe lembrança de nobre algum que tenha realmente confrontado uma dessas feras, mas as histórias sobre drachen que destroçaram cidades inteiras com suas garras imensas ainda persistem.
As minas de ferro de Eisen também ficam nas montanhas. Fora os mercenários, o ferro é o principal produto de exportação do país. O dracheneisen, o ferro mágico usado na fabricação da lendária armadura de escamas dragontinas de Eisen (drachenschuppe), era minerado ali outrora. Infelizmente, as minas de dracheneisen são uma lembrança remota, assim como os drachen, e as minas antigas encontram-se desocupadas e mal assombradas. O pouco dracheneisen que resta é utilizado no combate aos Horrores de Eisen. A matéria-prima mais preciosa da nação pode funcionar tanto como arma quanto uma espécie de proteção contra os Horrores. Muitos deles são invulneráveis aos meios tradicionais, mas o dracheneisen, por alguma razão, é capaz de feri-los e até mesmo destruí-los.
Última edição por Teach em Sex 04 Ago 2017, 14:06, editado 2 vez(es)