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palavra apenas, eu responderia: ‘Traiçoeira’.”
— almirante Enrique Orduño
Com excecção das poucas terras baixas e alagadiças a oeste – ótimas para o arroz e outros plantios especializados –, a maior parte da Vodacce continental é formada por regiões montanhosas, de cultivo difícil e perfeitas para a mineração. O oeste é pouco elevado e bem irrigado, cortado em todas as direções por rios e córregos. O leste, por outro lado, é rochoso, pontilhado com comunidades mineradoras que acabam dando lugar a charcos logo ao sul da Comunidade Sarmática, na península de Pióro.
O país se divide em territórios controlados pelos sete príncipes-mercantes, cada qual com seus próprios recursos e guardas para vigiar as fronteiras. A deslealdadeé lugar-comum em Vodacce. Confiar num parente é botar na mão dele o punhal que vai acabar nas suas costas.
Vodacce foi outrora a capital do Antigo Império. Suas ruas eram um alvoroço de senadores, mercadorese soldados que cuidavam das próprias vidas. Os debates ecoavam em suas edificações, e as bibliotecas transbordavam com o conhecimento reunido de uma república próspera.
Hoje, centenas de anos depois da queda do império, a cidade que lhe servia de captial se vê vazia e silente. A terra sobre a qual se ergue pertence aos príncipes que deram as costas ao debate para abraçar o subterfúgio, transformando as grandes cidades em seus próprios reinos em miniatura, espalhados pela península. Em Vodacce, é melhor ser rei de sua própria colina do que dividir com outros homens o domínio de uma montanha. Mas melhor ainda é ser o rei da montanha.
Cada um dos sete príncipes controla um aspecto diferente da economia do país e um produto de exportação específico. Um deles produz o melhor vinho de Théah, outro se vangloria de ter os melhores artesãos. Vincenzo Caligari tem a maior coleção de artefatos syrneth do continente, e Gespucci Bernoulli controla as rotas comerciais mais lucrativas dali até o Império do Crescente.
O combate, como quase tudo em Vodacce, é um passatempo masculino. Os homens vodatianos são famosos pelo temperamento inflamável e pela rapidez com que sacam as espadas, mas as mulheres são reconhecidamente frias e calculistas. Em Vodacce, situação ímpar entre a nobreza teana, somente as mulheres são feiticeiras. Chamadas de “sortílegas” em outras partes de Théah, as streghe del Sortilegio disputam um perigoso jogo de gato e rato com o destino. Enxergam e manipulam os fios da sorte, ajudando os maridos nos negócios. Os navios vodatianos raramente são surpreendidos por tempestades, e os piratas comuns costumam passar bem longe deles, pois temem encontrar algum infortúnio.
Os romances são um dos grandes passatempos de Vodacce... para quem é homem. As esposas guardam uma distância respeitável dessas coisas. O casamento, entre os nobres, é uma questão absoluta de política e economia. Os casais raras vezes se conhecem antes da cerimônia, apesar de que, definido o noivado, ainda se espera dos maridos que cortejem de longe a futura esposa, com poemas e belos presentes. Os homens reservam boa parte de seu afã romântico para as cortesãs profissionais. Essas mulheres formam uma sociedade à parte dos outros membros do sexo feminino em Vodacce. As senhoras “respeitáveis” não sabem ler – os vodatianos receiam que a educação venha a afetar o tênue equilíbrio do poder entre homens e sortílegas –, mas as cortesãs são extremamente cultas e dominam tanto as artes quanto as ciências.
“Cuidado onde pisa” é uma expressão originária de Vodacce. Bastaria dar uma olhada na arquitetura vodatiana para alguém se convencer disso, mas um rápido exame da política local só reforça a lição. As ruas das cidades são alegres e joviais, representadas por seus poetas e dramaturgos respeitados, além das belas cortesãs. As cidades são tomadas por edifícios altos e esguios que fazem uso de cada centímetro disponível do terreno. Um sistema traiçoeiro de pontes conecta os prédios, interligando a cidade toda feito uma gigantesca teia de aranha. Ninguém precisa ser arquiteto para ver que bastaria um espirro fora de hora para fazer o sistema todo ruir e cair no mar.
A arquitetura de Vodacce pode parecer instável, mas não passa de um agradável passeio de fim de tarde em comparação com seu cenário político. Os sete príncipes-mercantes que governam Vodacce são os homens mais cruéis de toda a Théah. Atolados numa guerra comercial com a Liga de Vendel, os príncipes firmaram uma aliança relutante para combater os competidores nórdicos. Ao mesmo tempo, porém, todo príncipe vodatiano sabe que nenhum de seus outros “irmãos” deixaria passar a oportunidade de apunhalá-lo pelas costas e roubar suas terras e seus negócios. Nem sempre foram sete os príncipes. Já houve doze deles e, em alguns momentos, apenas três. Hoje eles são sete, mas quem sabe o que o futuro reserva?
Cultura
Os vodatianos são orgulhosos. Perdem a calma tão rápido quanto manejam a espada, e quem continuar de pé que fique com a razão. Julga-se um homem não só por sua fortuna, mas também pela maneira como ele a gasta.
Um homem decente tem tanto dinheiro que não precisa se preocupar em gastá-lo, mas só um idiota deixaria outra pessoa lhe passar a perna. As mulheres de Vodacce já são uma outra história. Raras vezes são flagradas agindo publicamente, mas apoiam os pais e maridos com suas habilidades e as artes arcanas do sortilégio.
Os vodatianos são esbeltos e têm estatura mediana. Têm cabelos pretos e lisos. Seus olhos são escuros e misteriosos, variando do negro ao cinzento. Os vodatianos ostentam um nariz retilíneo e altivo, e a cor de sua pele percorre todo o espectro do pálido ao trigueiro.
Última edição por Teach em Sex 04 Ago 2017, 14:08, editado 1 vez(es)