Costumes
A identidade de clã é muito importante para os highlanders. Sua noção de nacionalidade e lealdade a Avalon impede os clã s de exercer muita influência política fora das Highlands, mas eles passaram a dominar o cenário sociocultural. Em público, os altiterrenses preferem usar os tartãs clânicos ancestrais, e as danças e cantigas populares brotam das alianças regionais de tempos imemoriais.
As canções são de natureza semelhante – tão parecidas que um estrangeiro que percorra as Terras Altas teria grande dificuldade para distingui-las –, mas os habitantes conseguem diferenciá-las facilmente. Muitos plebeus separam condados e feudos uns dos outros de acordo com os tipos de cantigas entoados nas tavernas ou segundo os passos específicos de uma dança da festa de primavera.
Há que se perguntar como os terraltinos conseguem ostentar suas filiações sem descambar para as antigas rivalidades e reacender a guerra civil. Para os terraltinos, há uma diferença entre sua identidade cultura e o orgulho nacional. O fenômeno lembra os torcedores do futebol americano universitário de hoje em dia. É possível vestir com todo o orgulho as cores de um clã e cantar um hino de família a plenos pulmões, mas essa associação não suprime a noção de unidade nacional nem a sensação de pertencer a uma fraternidade maior que inclui outros habitantes da ilha... Excluída, obviamente, a ocasional briga de bar. Seiscentos anos de submisão a Montaigne e Avalon limitaram as rivalidades clânicas exclusivamente à arena das palavras.
Mulheres Terraltinas
À primeira vista, as mulheres são cidadãs de segunda classe nas Terras Altas. Não podem ter propriedades, nem manter cargos políticos ou se apresentar em público em pé de igualdade com os homens. Nenhuma mulher tem cadeira cativa no Parlamento nacional, e a ideia de uma chefe de clã é inaudita.
Na prática, porém, as coisas são bem diferentes. A maioria dos lares nas Terras Altas é dirigida pela esposa ou pela mulher mais velha, e boa parte dos negócios corriqueiros jamais seria completada sem elas. Os assuntos financeiros também cabem ao belo sexo, e bancos e outras instituições geralmente endereçam as contas à “dona da casa”. Os nobres costumam acatar o conselho das esposas, e não os de outras pessoas, e apesar de nenhuma delas deter um cargo eletivo, muitas são respeitadas como líderes informais em suas comunidades. O exército nacional admite mulheres como soldados, mas sua participação é minúscula em comparação com a presença masculina, e entre os heróis mais famosos do país há alguns do sexo feminino. Uma das corsárias mais infames da rainha Elaine, Bonnie McGee, a Sanguinária, é originária das Highlands.
Vida dos Nobres
Com a aproximação dos dois reinos, a nobreza altiterrense começou o lento processo de se integrar a seus pares avalonianos. Boa parte dos aristocratas das Terras Altas provém de grandes propriedades agrícolas, onde predominam áreas cultivadas e civilizadas e charnecas agrestes e indomadas. As crianças nobres são educadas em casa por tutores ou governantas, mas algumas emigram para estudar numa instituição adequada em Avalon. Apesar de adotarem o aparato sofisticado da alta cultura e desfrutarem das sutilezas refinadas da caça, do debate filosófico etc., muitos nobres altiterrenses evitam essas práticas passivas, preferindo mergulhar de cabeça na política nacional. O bem-estar da nação é mais importante para muitos deles, e a nobreza geralmente faz o possível para melhorar a vida de seus subordinados ou para promover seus próprios planos, em vez de matar o tempo com divertimentos estúpidos. Seus iguais em outros países os consideram esdrúxulos e ligeiramente retrógrados, como seria de esperar de uma nação isolada.
Vida dos Camponeses
Para os camponeses das Highland Marches, a vida é dura, mas o surgimeno de uma classe média vem aliviando uma pouco as coisas. A maioria do cam pesinato trabalha nas fazendas da nobreza ou de novosricos proprietários de terras. Com o florescimento da educação e a chegada dos progressos da ciência à ilha, a vida dos camponeses começou a melhorar. É cada vez maior o número deles que deixa os campos para buscar a sorte nos centros urbanos, e uma classe de mercadores e lojistas vem se estabelecendo aos poucos. Em sua maioria, os camponeses das Terras Altas são reservados, respeitam seus superiores e tentam aproveitar ao máximo as oportunidades que a vida lhes oferece. Apesar de tudo, eles podem se mostrar bem animados: adoram as cantigas e a cerveja e conduzem suas reuniões sociais com uma turbulenta joie de vivre.
Etiqueta
A honestidade é muito importante entre os highlanders. Opor-se a alguém não é um pecado, desde que seja uma oposição declarada com toda a franqueza, e o conceito de “uma luta boa e limpa” é o que predomina na maioria das discussões políticas. Raramente se fazem promessas, mas, quando feitos, os votos são sagrados: um highlander considera seu juramento a essência de seu bom nome e nunca falta conscientemente com a palavra dada. Essa honestidade, porém, raras vezes se estende além dos Reinos de Avalon. Os estrangeiros podem ser enganados impunemente, e costumam ser mesmo, deixando mortificados os dignitários visitantes. Não foram poucos os políticos estrangeiros levados a acreditar no voto solene de um highlander... apenas para vê-lo faltar com a palavra no pior momento possível.
Outras preocupações de etiqueta são semelhantes às de Avalon. Sempre se tira o chapéu para uma dama e presta-se o devido respeito às pessoas de status social mais elevado. A afeição nacional pela honestidade acabou fazendo recrudescer as normas da boa educação, bem mais que em outros lugares, mas os altiterrenses ainda esperam um mínimo de cortesia de seus semelhantes e não toleram grosserias sem uma boa explicação. Também chegam às vias de fato com mais facilidade do que habitantes de outros países: entre os nobres, consideram-se os duelos maneiras apropriadas de encerrar disputas.
Política
Historicamente, o cenário político nas Highlands é dominado pelos clãs, que continuaram usando de todos os meios para galgar posições e obter a supremacia mesmo depois da chegada dos montenhos. Isso vem mudando aos poucos com a união do país a Avalon, e a lealdade aos clãs vem cedendo lugar aos partidos políticos mais abrangentes.
O Parlamento das Terras Altas é formado por todos os chefes dos grandes clãs, que herdam suas cadeiras. Os limites políticos vão sendo traçados por antigas rivalidades, à medida que a velha escola da sangria política ganha nova forma nas discussões e nos debates sobre programas de ação. Os parlamentares são supervisionados pelo grande rei, descendente direto de Robert I, que monitora todas as assembleias e faz cumprir os éditos da casa. Ele dá forma às políticas nacionais e muitas vezes controla a pauta do parlamento. Sendo o líder da nação, o grande rei pode, tecnicamente, agir sem precisar da aprovação do Parlamento, mas, ao fazer isso, corre o risco de receber uma reprimenda pública e de se ver incapaz de fazer valer seus decretos. Existe um acordo tácito entre o rei e o parlamento, segundo o qual ele respeita as decisões finais dos líderes de clã e, em troca, obtém a aprovação das matérias que apresenta. Como acontece em muitas nações teanas, esse equilíbrio se altera à medida que um ou outro lado ganha ou perde força.
Atualmente, o Parlamento se divide entre os unionistas, que defendem a tríplice coroa da rainha Elaine, e os separatistas, que querem uma nação totalmente independente. Os unionistas são a maioria, mas os separatistas estão ganhando terreno aos poucos e podem se revelar perigosos num futuro próximo. O poderoso e carismático James MacDuff , um unionista fervoroso, tem mantido os separatistas sob controle desde que se tornou grande rei. James acredita que as Highlands podem obter grande força – e ainda manter sua autonomia – sob a bandeira dos Reinos Unidos. A independência os deixaria fracos e privados da proteção dos corsários de Avalon, abrindo as portas para uma invasão montenha ou castilhana. Ele reluta em jogar fora a recém-descoberta liberdade de seu país em troca de um conceito obscuro de independência.